PERCORRENDO A RUTA 40 DE MOTO
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LENDARIA RUTA 40 |
10 entre 10 motociclistas desejam percorrer, pelo menos uma vez na vida nem que seja uma parte, a lendária Ruta 40.
Razões para esta obsessão não faltam ao motociclista que tem
no seu DNA o espírito de aventura e o desejo de poder dizer a seus netos: “Um
dia, eu pilotei minha moto pela Ruta 40”.
A seguir algumas curiosidades sobre a lendária rodovia,
apenas para ilustrar este capítulo de nossa viagem, que ficou completa com o que
iremos narrar daqui a pouco. Estas informações foram copiadas do site: http://www.turismoruta40.com.ar.
“Creada en al año 1935, la
mítica Ruta 40 con 5.194 mil kilómetros de longitud atraviesa la Argentina de
norte a sur, recorriendo tres regiones turísticas (Cuyo, Patagonia, y el Norte)
y once provincias. la Ruta Nacional 40 no es solo la ruta más larga de la
Argentina, es una de las más largas del mundo.
El número 40 asignado a la
Ruta no es debido al capricho o al azar, sino a una convención nacional: Las
rutas numeradas entre 32 y 40 corresponderían a rutas con una traza en
dirección de Norte a Sur. La ruta más occidental, al pie de los Andes, recibiría
el número 40.
La Ruta Nacional 40 sigue en algunos tramos la traza del Camino del Inca, construida en el siglo quince por los conquistadores incaicos para unir la región austral de sus dominios con su capital en Cusco, Perú.
La Ruta Nacional 40 sigue en algunos tramos la traza del Camino del Inca, construida en el siglo quince por los conquistadores incaicos para unir la región austral de sus dominios con su capital en Cusco, Perú.
La Ruta Nacional 40 nace en
el punto más austral del territorio continental Argentino, en el Cabo Vírgenes
que está ubicado en la provincia Patagónica de Santa Cruz, en el Departamento
de Güer Aike. Su punto más norteño se encuentra muy cerca de la localidad
fronteriza de Santa Catalina en Jujuy, pueblo que linda con Bolivia, a una
altura de 3.462 metros sobre el nivel del mar, en plena Puna Jujueña.”
De fato, se
pesquisar acharemos muitas outras histórias e curiosidades desta
lendária rodovia, e quanto mais se lê a respeito, mais ficamos ansiosos por
percorre-la. Hoje, aproximadamente 4.000 mil km já foram asfaltados, tendo
trechos alternados asfalto/ripio. Logo, estará 100% asfaltada, o que não deixará
de tirar um pouco de seu charme.
Mas, voltando a
nossa viagem, na noite anterior havia chovido em toda região de Cafayate,
principalmente ao Sul, exatamente a direção em que deveríamos tomar para chegar
ao nosso destino, que será a cidade de La Rioja. Ao todo, temos pela frente 550
km. O céu permanecia encoberto e temperatura na casa dos 16 oC.
De Cafayate até
La Rioja tem dois trajetos possíveis. Um deles, retornando por Tafi del Valle
pela RP 307 até Monteros, depois tomando a RN38, ou então, seguindo direto pela
RN40 até Salado e dali pegando a RN60 chegando direto a La Rioja.
SAINDO DE CAFAYATE - CEU FECHADO E GAROA FINA |
Como já havíamos subido
por Tafi del Valle na ida, e a vontade de pilotar pela RN40 era grande, resolvemos
que iríamos pela RN40, já sabendo que teríamos um trecho de aproximadamente
40km de Rípio e que poderá trazer alguma dificuldade, dado ao estilo de nossas
motos (Touring), o que contrasta completamente com a rodovia de terra, ideal
para as Big Trail.
Tanques cheios e
com uma garoa fina que insistia em nos molhar, saímos de Cafayate as 07:30h com programação da primeira parada na cidade
de Belén a 250km para o abastecimento e um lanche.
Seguiríamos 85 km até
Santa Maria sabendo que o asfalto é ótimo pois havíamos percorrido na ida, só que ao invés dobrar a esquerda e subir para Tafi del Valle,
continuaríamos reto sempre pela RN40.
Alguém já ouviu falar
em “badenes de hormigón”.? (bacias de concreto)?
Nas estradas do
deserto argentino, existem vários trechos com
placas indicando “área de badenes”, que são uma pequena extensão com uma “depressão”
na via, construído em concreto e que serve para escoar a agua das
chuvas quando caem nas montanhas, já que o solo é muito seco e a agua não
penetra na terra, gerando verdadeiros rios de lama, pedras e gravetos quando chove.
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BADENES DE HORMIGÓN - Bacias em Concreto para escoamento da água das chuvas no deserto |
Pois bem, andamos
uns 15 minutos e o Joaquim, que estava a frente do comboio, avisa pelo rádio
que há um “rio de lama” no meio da pista.
De fato, assusta.
A agua desce das cordilheiras com velocidade e vai acumulando areia, barro,
galhos e pedras de todo tamanho e tudo aquilo ali na nossa frente, em uma correnteza bem forte.
Como não há ponte
ou outra alternativa, o único jeito de seguir viagem é acelerar para cima
daquilo e torcer para não cair, pois uma queda naquelas condições deixaria
piloto e garupa literalmente “na lama”, além do risco de machucar, é claro.
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RIO DE LAMA E PEDRAS QUE DESCE COM A CHUVA NAS MONTANHAS A ESQUERDA |
Joaquim passou
acelerando firme, balançando para todo lado, mas saiu do outro lado. Viemos atrás
cada um com sua força e coragem.
Ao sair do outro
lado vimos o “estrago” nas motos. Lama até altura dos bancos, tudo sujo, cheio
de areia incluindo moto, piloto e garupa.
A partir deste
primeiro “batismo”, seguimos em frente e mais alguns quilometros e o ripio
apareceu. No começo bem comportado, pedras soltas mas sem areia. O chuvisco
ajudava a minimizar a poeira do companheiro da frente, mas por outro lado, o
barro acumulava a carenagem já totalmente suja das motos, além do risco do barro. Velocidade na casa dos 60 km/h e o comboio vinha bem.
RN40 - ENFRENTANDO O TEMIDO RIPIO COM CHUVA EM CIMA DE UMA TOURING |
Mais a frente,
demos de cara com as obras de pavimentação, onde além do barro, agora muita
terra solta e pedras. Um sacrifício muito grande para passagem neste ponto, obrigando no pior trecho, as garupas descerem das motos pois o risco de queda era grande.
Neste trecho a
Ruta 40 corta algumas vilas com casas dos 2 lados da via, muitos “perros” soltos,
burros e galinhas o que torna a direção bastante perigosa.
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RN 40 ATRAVESSA VARIOS VILAREJOS - CUIDADO COM OS "PERROS" |
Mais um trecho de
pedras e agora com muita areia, o que significa que a chance de queda só
aumenta, principalmente para nosso tipo de moto, pesada e sem os pneus
adequados.
Mas todos
passamos bem, uns acelerando um pouco mais e outros cada um dentro da sua limitação. O
importante nestes casos é pilotar no seu limite e não tentar acompanhar o outro
companheiro que pode estar em melhores condições de pilotagem ou a moto melhor
adaptada.
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TRECHO COM MUITA AREIA - PERIGOSO PARA MOTOS TOURING |
Um pouco mais a
frente, já com asfalto, os primeiros que chegavam aguardavam os de trás, e
todos chegando felizes pela aventura e sujos até o pescoço de lama e areia. As motos, nem a cor dava para ver direito.
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MOTO, PILOTO E GARUPA COBERTOS DE LAMA |
Deste ponto até
Belen um asfalto de primeira qualidade, longas retas e o mais importante: o céu
ia cada vez mais ficando azul, mas tivemos ainda que atravessar vários “badenes” com
correnteza forte de agua e lama, mas agora já “experientes” não tivemos maiores
dificuldades, sendo que em alguns deles, com agua mais limpa, passamos com mais
velocidade na tentativa de lavar as
motos do estrago causado pelo primeiro, embora uma parte da lama irá com
certeza até em casa, já que insiste em
não sair.
De repente, uma
nuvem negra surge no horizonte na nossa direção. Novamente
a tensão volta ao grupo, e daí vem aquela velha torcida de todo motociclista que quando aparece uma
nuvem de chuva a sua frente, torce para a próxima curva o levar no sentido oposto. Mas não
foi desta vez, e próximo a Belen, uma chuva muito pesada nos pegou na
estrada, e junto trouxe um frio bastante intenso.
Abastecemos e um
lanche rápido no posto de gasolina e RN40 novamente onde mais a frente, o tempo
abriu e agora em definitivo com um lindíssimo céu azul, o que proporcionou uma ótima chegada em La
Rioja para o hotel reservado e mais tarde para o jantar especialmente reservado.
RN 40 - ÉPICA |
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RN40 - KM4188 - UM DIA AQUI ESTIVEMOS |
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RN40 - KM4188 - UM DIA TALVEZ AQUI VOLTAREMOS |
“Ao andar de moto a distancia entre o céu e o inferno é pequena”. Joaquim Barbosa de Souza
Mas podemos
contar que pilotamos na lendária Ruta Nacional 40, que um dia será 100%
asfaltada, mas que hoje pudemos sentir por alguns quilómetros, o desafio de andar
no ripio, com uma moto Touring, carregada, garupa e chuva.
O mesmo ripio ali
colocado desde a origem da rodovia, o mesmo ripio que os antepassados Incas
usavam para suas migrações e que integrou e ainda integra esta bela nação
chamada Argentina.
Ruta 40, obrigado
pela sensação gostosa de ter pisado em teu solo, de ter pilotado em sua nudez
absoluta, de ter sentido de perto uma emoção diferente, uma emoção que ficará
para sempre em nossas memorias e em nossos sentimentos.
Esta é a essência
em Viajar de Moto!!
Valeu!!!!
S.Pires
La Rioja –
Provincia de Rioja.
Março/2017
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